4 de julho de 2008

Ainda a entrevista de MFL

Tem havido muitas críticas, por essa blogosfera fora, ao facto de muitos de nós, a propósito da entrevista de MFL, nos termos limitado a comentar a sua brilhante tirada sobre os casamentos entre homossexuais, "questão de somenos importância", em vez de nos centrarmos nos aspectos económico-sociais, que "verdadeiramente interessam".

Eu justifico-me: não acho interessante comentar uma suposta oposição ao "pacote de obras públicas", quando quem se lhes opõe não as sabe sequer enumerar e até autorizou algumas delas. De facto, MFL é contra que obras concretamente? E se é contra um pacote deste género, porque deu o seu aval, enquanto ministra das Finanças, a, por exemplo, quatro linhas de TGV entre Portugal e Espanha?
Por estas e por outras, nada do que ela diz sobre este tema tem, para mim, qualquer credibilidade. E não acredito nem um milímetro que, se fosse primeira-ministra, não as executasse! Pelo contrário, seria tudo para levar até ao fim e nada deste paleio, que agora adoptou, seria para levar a sério.

Por outro lado, comentar as preocupações sociais da nova líder do PSD soa a comentar uma piada. Mas alguém acredita neste seu discurso?! Os "novos pobres" em muito devem a sua condição à actuação da própria MFL...
Mas, neste campo da assistência social, MFL até disse uma coisa que seria interessante comentar: que defende que o Estado deve apoiar as associações que "estão no terreno" e que "conhecem os verdadeiros problemas das pessoas". Sendo ou não contra este desígnio, MFL devia informar-se melhor: se há área em que o actual governo não se tem saído muito mal é exactamente esta. Centenas de IPSSs constroem actualmente centros de dia, lares, creches, serviços de apoio domiciliário, etc., pelo país inteiro, com recurso a estes subsídios estatais, que a grande chefe dos sociais-democratas agora se lembrou de defender.

Nem num caso nem noutro, MFL descobriu a pólvora. Pelo contrário, afirmou ser contra o que vai fazer se for primeira-ministra, e afirmou ser a favor do que já se faz com o actual primeiro-ministro. Vale a pena comentar isto?
No fim de tanto discurso vazio, afirmou a sua oposição aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Foi o final em beleza! Espero ansiosamente pela próxima entrevista!

2 de julho de 2008

Como não ser retrógrada

Parece que Manuela Ferreira Leite defende que casais inférteis e de idade avançada não devem poder casar-se.
Segundo a nova Presidente do PSD, o Estado não tem que conceder o direito ao casamento a quem não vai "procriar". O casamento serve unicamente para constituir família e por família entende-se unicamente ter filhos. As pessoas casam-se para ter filhos. Quem não vai ter filhos não deve poder casar-se. É lógico!

O mais fantástico é que MFL começou a sua resposta à pergunta de Constança Cunha e Sá sobre os casamentos entre homossexuais dizendo "Eu não sou retrógrada...". Faria se fosse!!

(DN)

La Palisse

Parece que há muita gente chocada com o facto de Ana Jorge ter dito, no Parlamento, que, se sofresse um acidente grave, não recorreria a um hospital privado. Estranho tanta indignação: a ministra disse apenas o que o país inteiro pensa! Para fazer um raio-X, ir a uma consulta ou submeter-se a uma pequena cirurgia, tudo bem, a malta ainda pode optar pelo serviço privado, que não corre riscos. Mas para uma coisa séria?!
Por favor, quem fala verdade não merce castigo. Desta, Ana Jorge está mais do que desculpada.