8 de janeiro de 2008

A escolha do Parlamento

Sócrates dar-se-á amanhã ao incómodo de nos revelar como se fará a ratificação do Tratado de Lisboa.
A escolha do Parlamento como local do anúncio não pode ser um mero acaso...
O nosso primeiro adora locais neutros e pompa e circunstância na hora de nos anunciar medidas que nos enchem os olhos. Raramente anuncia algo verdadeiramente importante na Assembleia, chegando mesmo, aliás, a não responder às perguntas da oposição durante os debates, para, alguns dias depois, vir dar as repostas ao país, mas longe, longe das críticas (lembrar, por exemplo, a recente trapalhada das Estradas de Portugal)
Porque não opta agora pelos ambientes assépticos a que nos tem habituado? Claro... Porque, com este novo gesto, quer começar desde já a afirmar que o Parlamento tem dignidade, tem legitimidade, tem tudo e mais umas botas para ratificar o Tratado de Lisboa!
Sócrates, que nos últimos debates mostrou até desprezo para com a lógica de funcionamento parlamentar, vai amanhã exaltar a "Casa da Democracia". In loco, pois... Não fazia sentido vir afirmar as virtualidades do Parlamento no Hotel Altis, certo? E depois de nos lembrar, no Parlamento, como o Parlamento é fantástico, concluirá que a ratificação será aí levada a cabo.
Adeus referendo.

PS - Oxalá me engane!

6 comentários:

Ant.º das Neves Castanho disse...

O próximo Referendo, esse sim importante, urgente e, muito provavelmente, o primeiro efectivamente VINCULATIVO, será o da REGIONALIZAÇÃO!

samuel disse...

O demagogo tem que "dominar" as técnicas do seu ramo de negócio...

Helena Henriques disse...

Espero que sim a. castanho. Quanto à UE, é pena que os nossos dirigentes europeus insistam em construir de cima para baixo... o mais certo é não resultar.

Ant.º das Neves Castanho disse...

Em bom rigor, também eu preferia o Referendo. Tornaria a escolha de Portugal muito mais convincente, transparente, pedagógica, etc. e tal.


O problema é que já não é possível escapar ao realismo político. A ratificação do Tratado de Lisboa pela via referendária iria transformar-nos nos maiores "anjinhos" do espaço europeu: um país onde todos os Reeferendos até hoje efectuados em Democracia sofreram do eleitorado a indiferença que se conhece e nem sequer atingiram a constitucional força vinculativa, que sentido faria agora referendar um pequeno passo de todo um percurso já consolidado e que não divide a Sociedade portuguesa?


Só mesmo para dar um tiro no pé - ou tempo de antena a uma Oposição vergonhosamente desnorteada e irresponsavelmente desesperada...

Anónimo disse...

O conformismo e a hipocrisia é tão previsível que já não diz nada a ninguém, que importância têm dizer-se uma coisa na campanha eleitoral e quando se é poder fazer o contrário, é o nojo extremo de cagar para a cidadania de que todos os "Ingenheiros" com testes de licenciatura feitos em casa enviados por fax e seus correligionários e seus acólitos e arrogantes, que não se querem sujeitar a ouvir a opinião dos "burgessos" que são a essência da democracia, todos os cidadãos com mais de 18 anos o podem fazer e devem fazer sempre que para isso sejam convocados e queiram. A democracia é cada vez mais o vale tudo e o salve-se quem puder.

Anónimo disse...

Um ex-autarca meu conhecido, tem por hábito dizer:
“O que se faz bem de cima para baixo, são os buracos.”

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