Jardim Gonçalves pagou a dívida do filho. E deve esperar que, assim sendo, o caso morra por aqui... Pagar a dívida era o mínimo que podia fazer! Espera-se, agora, que a investigação continue, não sendo em nada condicionada por este pagamento feito à pressa e apenas porque o caso da dívida de Jardim Gonçalves júnior rebentou nos media (se esta história não tivesse tido projecção mediática, a dívida manter-se-ia por toda a eternidade...).
O banqueiro veio dizer também que não sabia que o crédito do filho tinha sido declarado incobrável pelo banco a que presidia. Mas há alguém que acredite nisto?! Como se fosse possível nunca lhe ter chegado a informação aos ouvidos...
Jardim Gonçalves também diz que nunca beneficiou do empréstimo do filho. Nisso já se acredita: porque que é que um dos homens mais ricos de Portugal necessitaria de beneficiar de empréstimos alheios?! Por favor... em que é que isto torna a situação menos vergonhosa?
Este caso é o espelho da sensação de impunidade que reina no nosso grande capital. Tudo lhes é possível, tudo lhes é permitido, nada lhes acontecerá em caso algum. Espero que isto não possa ser verdade. E que esta sensação de que vêm gozando se estilhace (de vez?). Tenho dúvidas, mas quero acreditar que a investigação vai conduzir a resultados sérios.
Conceder um crédito de montantes tão elevados sem garantias bancárias trata-se de um óbvio favorecimento: só foi possível porque se tratava de quem se tratava. E isto, mais do que uma imoralidade, TEM que configurar uma ilegalidade. Não vai poder ser possível um caso destes passar ao lado da lei. Espero.
22 de outubro de 2007
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2 comentários:
"a sensação de impunidade que reina no nosso grande capital"
Não é só no "grande capital", ó Ana Rita. Este caso é nepotismo à portuguesa, tout court; nada tem a ver com o "grande capital". Este caso tanto se pode passar no maior banco como na menor tasca, como no governo, como em qualquer empresa grande ou pequena, desde que seja em Portugal.
Não me diga a Ana Rita que nunca ouviu falar da "cunha", essa instituição nacional, nem que nunca conheceu ninguém que tenha sido beneficiad@ por uma. Não necessariamente pelo "grande capital".
Luís Lavoura
calma.... cunha não é isto.
Cunha não é dar algo a alguém que não tem capacidades ou possibilidades para a obter; cunha é recomendar ou interceder por alguém,ou seja não é vinculativa, deixa ao outro a capacidade de decidir.
Neste caso estamos a falar de favorecimento, o que espero que seja tido em conta e, que é bastante diferente da cunha, embora a esquerda portuguesa goste de pôr tudo no mesmo saco.
Contratar alguém porque tem boas referências, porque foi sugerida por outro da nossa confiança é algo normal para qualquer empregador,preferindo alguém referênciado do que arriscar com outro sem recomendações.
O caso do BCP, aquilo que se fala é apenas a ponta do iceberg, se o Banco de Portugal e a CMVM continuar a investigar os empréstimos feitos pelo banco para comprar acções..ui ui aí é que são elas....e aí o grande capital é certamente o maior visado.
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