20 de novembro de 2007

O Circo

"Os conselhos executivos de várias escolas estão a pressionar os professores do 2º e 3º ciclos (do sexto ao nono ano) para evitarem ao máximo dar notas negativas aos alunos já no primeiro período lectivo."
"Muitas escolas vão ser visitadas por inspectores até final de Dezembro, no âmbito do seu processo de avaliação e, como um dos critérios que terá maior peso para a “nota” é o índice de aproveitamento escolar dos alunos..." (Público)

Eis mais um capítulo da palhaçada em que se transformou o sistema educativo deste país...
Para o Ministério da Educação, as estatísticas e o lugar que nelas ocupamos tornaram-se um bem supremo, um valor absoluto, o fim último que merece todos os meios.
Este Ministério é de um provincianismo atroz... Pena é que sejamos todos, mesmo aqueles que já não usufruímos dos seus serviços, quem vai pagar toda esta irresponsabilidade dentro de apenas alguns anos...

1 comentário:

psergio57 disse...

Apesar do chavão de o processo ensino-aprendizagem dever ser centrado no aluno, hoje em dia isso é uma impossibilidade prática. Não há vagar para preparar aulas nem corrigir trabalhos. Para além das actividades de substituição, sala de estudo, clubes, apoios, etc., os professores passam o seu tempo não lectivo a preencher relatórios e fazer projectos num labor estéril, a roçar a insanidade kafkiana, que todos reconhecem condenado ao fracasso(ao que parece a tendência é para complicar, com a nova regulamentação do E.C.D.). A tentativa de os dissuadir de reprovar os alunos não é novidade, se bem que actualmente a pressão seja ainda maior. Porque se eles não passarem a culpa é do prof. ou do D.T. que não implementaram a medida ' x ' da alínea ' y' do decreto-lei ' z ' ... Os parcos recursos que havia para despistar e apoiar os casos complicados - psicólogos, professores tutores, professores do ensino especial - esfumaram-se na voragem dos cortes orçamentais. É a descredibilização total do sistema de avaliação e do rigor apregoado. E também, o que é mais trágico, a hipoteca de mais uma geração que vai sair mal-preparada do Ensino Básico.