"O peso de mulheres licenciadas na sociedade portuguesa cresceu mais de 60 vezes nos últimos 47 anos. Se em 1960, o total de diplomadas não ia além dos dez mil, no final do ano lectivo em curso esse número deverá rondar as 600 mil. A evolução é muito significativa, mas falta ainda, explicam especialistas em sociologia da educação, conquistar o mercado de trabalho e chegar a lugares de topo." (DN)
Pois é, fartamo-nos de trabalhar!
Hoje, o número de mulheres que saem das nossas universidades já se aproxima do dobro do número de homens. Quase todos os cursos, à excepção de algumas Engenharias (e já não são todas), apresentam mais alunas do que alunos.
A somar a isso, existe um outro número que julgo não estar contabilizado, mas que qualquer pessoa que tenha passado pela faculdade sabe ser verdadeiro: elas não demoram tanto tempo nos bancos do ensino superior quanto os seus colegas homens. O curso é para fazer em 4 anos? Geralmente, elas fazem-no. Eles, depende.
Outros números: os do ensino secundário! Não apresentando uma diferença tão acentuada quanto o ensino superior, a verdade é que já nesse nível de ensino se vê a diferença entre sexos. A minha turma do 12º ano (ano de 1999/2000), por exemplo, apresentava 3 rapazes para 20 e tal raparigas... Havia, lá no liceu, turmas com menor desproporção, mas nenhuma presentava a relação inversa!
Razão para que tudo isto aconteça? A educação diferente. Apesar da diminuição dos níveis de machismo (que já nos vai permitindo ir estudando e chegar à faculdade...), a verdade é que, desde cedo, se exige mais às mulheres do que aos homens. Elas são educadas para serem responsáveis e trabalhadoras; eles têm direito a ser mais doidivanas e a preguiça á mais tolerada.
Esta diferença no olhar reflecte-se até nas pequenas coisas da vida: um filho (homem) adolescente, que chegue uma noite a casa bebêdo, é normal; uma filha que faça o mesmo precisa de vigilância, enche todos de preocupação, "ai, ai, ai, o que é que ela andará a fazer"... Ainda mais pequeninos, um rapaz que bata noutro, está a fazer algo normal (mesmo que lhe dêem um raspanete, ninguém achará estranho); uma rapariga que ande à pancada, precisa, no mínimo, de ir ao psicólogo... Já nem vou falar do número de namorados/as...
Aquilo que acontece é que as mulheres continuam a ser educadas, desde cedo, para terem a cabeça no lugar, para cumprirem os deveres com responsabilidade, com brio. Os deveres de hoje são outros? Com certeza, mas é suposto elas cumprirem-nos como outrora cumpriam os outros. Assim, as mulheres (em geral) crescem com o objectivos mais elevados que os dos homens (em geral), não porque sejam mais ambiciosas, não porque sejam mais inteligentes, mas porque sabem que é isso que delas se espera, tendo sido para isso que foram ensinadas a ter responsabilidade, capacidade de trabalho, etc., etc. Elas têm que ser perfeitas, eles têm que ser normais.
E depois, como é que a sociedade nos agradece? Com maiores taxas de desemprego feminino. Com menores percentagens de mulheres nos lugares de topo. Com sorrisos paternalistas quando falamos sobre política, sobre economia, sobre futebol...
Obrigada.
26 de dezembro de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Custa-me, mas tenho de dar razão à Ana R. Os jovens machos latinos de hoje atravessam uma fase lixada que, aliada a uma permissividade (machista) por parte dos educadores atrasa, em muito, a passagem à idade adulta.
Na maior parte dos casos o estrago torna-se permanente, porque registaram um desempenho escolar miserável (a taxa de abandono precoce quintuplica em relação às raparigas...)e ficaram mais sujeitos a crises de identidade (proteccionismo familiar vs. competitividade social) e mais expostos aos comportamentos chamados de 'desviantes'. Não tenho dúvida nenhuma "Demain, les femmes"...
Reforço o obrigada, passo-o até a obrigadinha...
Enviar um comentário