Há dois-anos-dois, fui multada pela EMEL. Até aqui nada de especial, que quase todos os lisboetas já foram agraciados pela mais amada das empresas municipais. O problema, neste caso, é que eu tinha tirado bilhete...
Estacionei, pus as moedas no parquímetro e retirei um ticket válido para cerca de 2 horas. Quando voltei ao carro, 1 hora e pouco depois, tinha o carro bloqueado, com a enervante fita amarela à volta e... 60€ para pagar.
Dirigi-me ao funcionário (vou tentar não fazer piadas sobre os fatos verdes que usam...), que reconheceu o erro, mas... não me retirou a multa! Que não, que não podia, que eu tinha que pagar a multa para me desbloquearem o carro e, se quisesse, poderia depois reclamar para os serviços da DGV.
Claro que me custou a acreditar que, mesmo provando-se ter eu pago pelo estacionamento, tendo eu o ticket no tablier a sorrir-nos, mesmo assim, tinha não só que pagar a multa, como, posteriormente, tinha que ser eu a impugná-la (num prazo de 15 dias) para que o valor me fosse reembolsado. Mas parece que é mesmo assim que as coisas se processam em Portugal: com o Estado, primeiro pagamos, depois, reclamamos. Depois esperamos uma vida pela resposta à reclamação... Até hoje, ainda nem a minha testemunha ouviram!
Na última passagem de ano, estavam cerca de 150 mil pessoas na praia da Nazaré, terra que não terá nem 30 mil lugares de estacionamento. Carros estacionados em cima dos passeios e nas rotundas, carros estacionados em canaviais, carros estacionados nas bermas estradas municipais vindas de ALcobaça e da Marinha Grande... via-se de tudo!
Houve uma "sortuda" que arranjou um lugar fantástico no dia 31 à tarde: eu! Era um lugar de estacionamento normal, apenas reservado ao Tribunal, que já estava encerrado e que não iria abrir no dia seguinte. Pensamento: ninguém vai passar multas nesta noite, nesta terra, muito menos ao meu carro, que não está a empatar o trânsito, nem irá incomodar ninguém. Certo? Errado! No dia 1 de Janeiro de 2008, tinha a multa à minha espera.
Os julgamentos sumários do pessoal apanhado a conduzir sem carta de condução e com alcoolémia só se realizaram no dia 2, nenhum funcionário ou magistrado entrou no Tribunal no primeiro dia do ano, mas a polícia, competente e eficiente, tratou de entrar no novo ano com o pé direito.
Estas são as minhas histórias. Conheço muitas outras de muitas outras pessoas (o que é bom, para não me sentir pessoalmente preseguida). Eu própria tenho mais, embora não de trânsito (ficam para a próxima)!
Se antes vigorava o laxismo, agora caímos no extremo oposto. Não é possível que continue a vigorar esta cultura em que o Estado nos trata como meros pagadores e não como cidadãos, sendo desrespeitados e tratados como potenciais criminosos, mesmo quando cumprimos as regras (primeiro caso, em que tirei bilhete) ou quando não as cumprimos porque o poder público não o permite (segundo caso, em que não há estacionamento suficiente para os turistas que visitam a vila).
O Estado devia perceber que cada um de nós é um "bocadinho" mais do que contibuinte, é o dono do espaço público, que se finge zelar com tanta intransigência.
27 de fevereiro de 2008
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7 comentários:
Penso que deve ser ainda bastante jovem e desculpe se me enganei !
Parece-me que ainda não aprendeu a viver na terra dos Lusitanos...
PS. Tive um processo que meti em tribunal, que só se resolveu ao fim de 10 anos !!!! Fácil !!! Foi só esperar 10 anitos e pronto...
Quanto ao fim do ano na Nazaré ! Na Nazaré ???? Mas que raio se faz na Nazaré no fim do ano a não ser dar e levar empurrões ? Aturar bebados e ganzados...
Bom fim de semana !!
Leia-se BÊBEDOS .
caro anónimo, tenho dificuldade em compreender se concorda ou não comigo... parece-me que sim, mas, fico com dúvidas...
É claro que concordo consigo !
Não sou é tão afobado, porque já conheço a marcha do combóio....
Bom fim de semana !
cada qual passa o fim-de-ano onde quer.
eu não sou jovem, mas não sou um velho conformado com a mentalidade prepotente que domina certas autoridades do nosso país.
foi por causa do conformismo, que deixámos chegar o nosso país ao dominio absoluto da preguiça intelectual em que qualquer "artista" é rei e senhor.
Mas é óbvio que cada um passa os dias onde quer !!
Mas como opção, prefiro ficar na varanda, a passar o meu rico tempo no meio de turbas incontroladas.
Sabe, eu gosto muito da humanidade, o que me chateia são certas pessoas... por isso ....
Para terminar... velhos são os trapos e eu também não me conformo e nunca me conformei !!!
Também, não é bem assim como diz ! Isto é mais complicado do que aquilo que parece !!
Caro anónimo,a minha opinião não o visava particularmente.
Acredito que não é uma pessoa conformista,desde já as minhas desculpas.
A ideia destes blogs,presumo que seja para exprimir opiniões generalistas e não ofensivas aos seus participantes.
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