"Com efeito, nos últimos 25 anos, a proporção de salários directos e indirectos em percentagem do PIB caiu entre 8% e 11% em todos estes países. Consequentemente, os empregos precários e a insegurança laboral, que pouco se faziam sentir entre 1940 e 1970, afectam, actualmente, mais de 15% da população do mundo desenvolvido.
O salário médio real tem-se mantido estável nos últimos 20 anos nos Estados Unidos, com 1% da população a captar todos os ganhos resultantes do crescimento de 50% do PIB no mesmo período. (...)
A remuneração dos líderes das empresas atinge actualmente 300 a 500 vezes o salário médio dos colaboradores intermédios, contra 40 vezes no século XX e 50 vezes antes de 1980. Um pouco por todo o mundo, o número de empresas que enfrenta problemas legais por vários tipos de fraude está a aumentar fortemente.
O pior, infelizmente, está ainda para vir. Atendendo a que os rendimentos da maioria das pessoas estão estagnados e a serem delapidados pelo aumento das prestações dos seus empréstimos à habitação, o consumo deverá diminuir, levando a um menor crescimento e menor emprego. Uma recessão só contribuirá para intensificar a precaridade dos empregos e o desemprego, criando tensões sociais que, obviamente, não ajudarão a aliviar a crise financeira. Parece que temos todos os ingredientes para uma demorada e intensa tempestade perfeita do declínio económico e da agitação social. (...)
Mas é agora perfeitamente óbvio que o capitalismo está demasiado instável para sobreviver sem uma forte regulação pública. É por isso que, depois de anos e anos a ser negligenciado como uma opção viável, é altura de delinear um projecto social-democrata para o palco político."
(Michel Rocard, no Jornal de Negócios)
10 de março de 2008
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1 comentário:
Aqui está uma demonstração importante. Até Rocard, quando quer ver claro, fala claramente da situação social. Que é dramática. Mas o zé povinho mantem-se na ignorância. Só olha para o lado da invejazinha rasteira, porque está próxima, e sem ver os milhões das negociatas e das corrupções que levam este país, o nosso, à ruína!O atraso enorme da opinião geral é o principal problema a combater. Cresce o sofrimento na população. Há fome e doença sem remédio. Falta de justiça. Mas aos nossos politicozinhos caseiros isso não interessa. E a comunicação social está bastante domesticada. Que fazer? Que fazer além de greves e manifs várias?
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