"Ministros europeus chegam a acordo para prolongar semana de trabalho até às 65 horas"
(Público)
A flexisegurança tem coisas fantásticas... A melhor de todas é o discurso político que a legitima acrescentar sempre que medidas deste género só serão implementadas se os trabalhadores assim o desejarem!
Se assim fosse, escusavam de tornar legalmente possível este novíssimo limite horário: não há nenhum trabalhador que deseje trabalhar mais de metade do dia (13h) durante 5 dias, ou que deseje abdicar dos dias de descanso para trabalhar "apenas" mais de 9h por dia durante os 7 dias da semana.
Civilizacionalmente, continuamos o retrocesso...
10 de junho de 2008
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13 comentários:
E depois vêm dizer que a semana de 65 horas dependerá do acordo entre empregador e empregado... está-se mesmo a ver no que vai dar...não queres o horário, não prestas! Ao que sei Portugal votou contra. Valha-nos isso!
É. Também a Espanha não votou sim, mas atenção: reconhece-se a possibilidade de a semana laboral atingir as 48hh por semana. É claro, cada vez mais, que as melhoras laborais se irão conseguir desde a organização d@s empregad@s à margem dos partidos, em sindicatos fortes e de classe que podam negociar convénios coletivos onde se blindem as atuais 40hh/semana que vigoram na Espanha.
Por certo que também as negativas ou as reticências de certos países irão provocar deslocações empresariais. Mais uma vez, a solução está em organizações de classe reais e que recuperem o sentido crítico e a luta desalienante, infelizmente caída hoje na retórica da nostalgia.
"não há nenhum trabalhador que deseje trabalhar mais de metade do dia (13h) durante 5 dias, ou que deseje abdicar dos dias de descanso para trabalhar "apenas" mais de 9h por dia durante os 7 dias da semana".
Mas quem lhe sussurou ao ouvido, tamanha verdade insofismável?
Não há? No universo inteiro?
Nem unzinho? não?
PS: são esses os termos da coisa?
não acho que sejam esses os termos da coisa, mas são esses os termos em que é sempre apresentada qualquer alteração drástica e vergonhosa aos direitos laborais, nos últimos tempos: só se levará a cabo com o consentimento dos trabalhadores. assim, a partir do momento em que a questão é colocada desta forma, é normal que se desmonte a partir daí.
coloco a questão ao contrário: acha que há alguém disposto a trabalhar mais de 13 horas por dia, por conta de outrém, num país europeu, caro bolonhado?
Eu posso acreditar que haja quem o faça pontualmente, mas acho que ninguém aceitaria que esse passasse a ser o regime horário normal e habitual, consagrado num contrato.
e, mesmo que houvesse unzinho no universo inteiro que o aceitasse, a directiva prevê que tal medida necessite da aprovação unânime dos trabalhadores. acha que todos desejariam passar a trabalhar 13h? ou que todos desejariam deixar de ter dias de descanso?
porém, esta questão é semelhante à dos cisnes brancos e pretos... e como nenhum de nós vai poder inquirir todos os trabalhadores do mundo...
"e como nenhum de nós vai poder inquirir todos os trabalhadores do mundo..."
Pois não, por isso mesmo é que ouvimos os Sindicatos representativos. Ou é por isso mesmo que há Acordos Colectivos de Trabalho, formulados e assinados pelos REPRESENTANTES dos trabalhadores.
Mas será que não aprendemos nada com, e só por exemplo, a Auto-Europa?
O Trabalhador não tem que trabalhar 13 horas? Posto assim é de facto uma violência que qualquer
ser humano rejeita quase que liminarmente. Mas e se for durante um certo período? Para corresponder a uma encomenda que garantirá o posto de trabalho por mais 5 ou 6 anos? E se os exactos termos da prestação do esforço de trabalho constarem "direitinhos" num Acordo Colectivo aprovado pelos trabalhadores?
Será ameaça? Coacção da Entidade patronal? DEpende...Ora, como depende, fár-se-á na medida das necessidades concretas.
Só me parece bom senso.
trabalhar 65 horas por semana é uma violência. levar alguém a fazê-lo em troca do que quer que seja é uma violência. mesmo que não haja coacção explícita, é sempre uma violência.
e é um retrocesso, porque implica pôr em causa um dos mais básicos direitos leborais, que é o o limite de 40 horas de trabalho. é esse limite que permite que haja garantia de um espaço de liberdade: o espaço fora do trabalho. é para usufruir melhor desse espaço que trabalhamos, não o contrário.
na auto-europa, chegou-se a um acordo pontual que permitiu precisamente aos trabalhadores usufruírem de dias de descanso extra como compensação pelos dias de trabalho mais prolongados.
ora, que eu saiba, a directiva aprovada ontem nada diz sobre a obrigatoriedade de se ressarcirem os trabalhadores quando estes concordarem em trabalhar mais horas do que as estipuladas... apesar de ser contra a medida em si, por a achar injusta e castradora, por achar que há direitos que não se podem alienar, acho que aquilo que ontem se instituiu não seria tão mau se, além da flexibilidade, se tivesse efectivamente procurado alguma segurança. é que, do ponto de vista do trabalhador, concordar com trabalho extra é diferente de concordar com trabalho extra compensado de alguma forma (financeiramente ou em dias de folga). e ninguém nos garante que essa compensação pela abdicação de um direito irá existir.
É trabalhar, é trabalhar...
...até cair para o lado.
Bom, eu acho que há exagero (os termos da "coisa" não são esses, acho eu) na sua posição. Há, digamos, Inflexibilidade! Fui tentar ler o texto da Directiva, não consegui. Tentei também ver qualquer reacção da UGT e da CGTP, nada. Pelo menos na net. Podemos falar disto noutra altura concerteza, quando houver mais elementos. Até porque, ao que sei, esta directiva pressupõe aprovação no PE. Ás tantas estamos a fazer nossas, dores que não vamos ter!
espero que sim ;)
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/economia/pt/desarrollo/1134138.html
;)
Toda a razão, ana rita! isto é um regresso ao sec. XIX...
Qualquer dia também aprovam que a idade da reforma, atendendo ao aumento da esperança média de vida, passe radicalmente dos 65 para os 75 anos, ie, quando muitos de nós já não conseguirmos sequer sair de casa pelos nossos pés.
É uma vergonha a política adoptada por este, e por outros governos europeus. Em vez de seguirmos o modelo de governação de países como a Canadá, Holanda, Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega, optámos por seguir o modelo americano.
Espero que os cidadãos portugueses acordem para a vida e consigam criar uma verdadeira alternativa partidária face aos partidos que temos no parlamento (cujos membros na sua maioria não passam de parasitas sociais).
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