2 de outubro de 2007

Hayek and the Left

Este post é um agradecimento aos anónimos que nos têm comentado. Achamos muito natural terem achado estranho o aparecimento de uma referência a Hayek num blog de esquerda e achamos muito pertinentes as dúvidas levantadas.
Vamos à justificação: iniciado na política pelo marxismo, Hayek, ainda jovem, rejeitou os seus ideais e pode ser, de facto, visto como o seu principal opositor e demolidor.
Porém, achamos que o contributo dado por um dos maiores intelectuais do século XX, não deve ficar, dada a sua profundidade e abrangência, confinado à direita política. Andrew Gamble, no texto “Hayek and the Left” [The Political Quarterly, 1996, págs. 46-53], incita a esquerda, por esta razão, a olhar para o pensamento deste homem cuja sabedoria filosófica, política, económica e jurídica o tornam um caso de raridade extrema. Hayek é assim reconhecido em pelo menos quatro campeonatos distintos (que para ele estariam algo misturados...). Dá que pensar.
Mas... e Hayek? O que será que ELE diz dele próprio?
Num posfácio à edição de 1960 de The Constitution Of Liberty, Hayek explica a sua própria posição política, num texto cujo título é revelador: “Why I am not a Conservative?” (ultimamente, muito citado no blog Portugal Contemporâneo). Não obstante alguma desadequação ao mundo actual, algumas críticas aí feitas aos conservadores ainda encaixam na perfeição. E, com elas, nós identificamo-nos! E, note-se, Hayek considerava-se (e queria vir a ser considerado) um Old Whig, força politica que se posicionava... na margem esquerda da sua época.
Hayek nunca desempenhou cargos públicos e nunca foi candidato ou eleito. Mesmo que o seu livro tenha sido levantado no parlamento inglês por uma mão de ferro, à direita, achamos que o seu trabalho transborda o neo-liberalismo.
Não somos hayekianos, mas achamos que temos Todos muito a aprender com ele. Com a referência a Hayek, não nos parece que estejamos a capitular perante a direita, estamos, sim, a querer salvar a esquerda. Porque, ainda hoje, a esquerda vive da crítica ao conservadorismo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Excelente post. Muito bem. Vale a pena ler este blog (até agora).

Luís Lavoura

Anónimo disse...

O texto está bem articulado e tem um fio lógico aceitável. Tem duas limitações: 1- podia ser escrito a respeito de muitos outros pensadores e ideólogos; 2- ignora o facto de serem predominantemente de direita os apologistas de Hayek e de ele não ter sido um recurso necessário para se pensar e agir à esquerda. Ou será que toda essa gente está equivocada? Uns e outros...
Não teremos que ler muitos outros antes do Hayek para conseguirmos ajudar a romper a névoa que nos esconde o horizonte ?

HBL disse...

"E, note-se, Hayek considerava-se (e queria vir a ser considerado) um Old Whig, força politica que se posicionava... na margem esquerda da sua época."

Clap, Clap, Clap... belo uso de palavras alheias. E porque não citam agora o Fidel Castro dizendo: "eu sou um democrata"? É uma citação, no mínimo, com a mesma credibilidade da supra.

André Azevedo Alves disse...

Um post muito interessante.