Já calculava que tivesse de vir a explicar por que razão disse que gostei que Chavez tivesse chamado "fascista" a Aznar.
O Helder, do Insurgente, pergunta-me claramente por que o fiz, explicando-me que não se pode aplicar tal epíteto ao ex-primeiro-ministro espanhol, dado que o fascismo surgiu da "família" socialista, que, claramente, não é a de Aznar.
Até aqui de acordo. Aznar é fascista? Não! Sobre isso não tenho a mais pequena dúvida!
Mas é, então, incoerente ter gostado de o ver ser assim chamado - tanto mais que não nutro qualquer espécie de simpatia por Chavez (a quem chamo, no mesmo post, "projecto de ditador", o que Helder parece esquecer...)? Também julgo que não.
Aznar teve atitudes autoritárias inacreditáveis ao longo dos seus mandatos. Atitudes que tiveram o apogeu na sua despedida de primeiro-ministro. Alguém se lembra da censura (e aqui uso o conceito de censura em todo o seu "esplendor") de que foi alvo a comunicação social espanhola no pós-atentado de Atocha? Nesses dias, muitos espanhóis tiveram que recorrer exclusivamente a canais estrangeiros para ouvir a versão verdadeira sobre a autoria do atentado, porque os seus órgãos de comunicação apenas passavam a versão oficial: a de que tinha sido levado a cabo pela ETA. Alguém se recorda da razão? Porque havia eleições legislativas dentro de dias e Aznar sabia que o seu partido as podia perder se se soubesse ser um atentado fundamentalista islâmico...
Se não fosse o facto de vivermos na era da globalização - e, como tal, a informação circular de forma incontrolável pelos poderes governamentais -, alguém distinguiria esta atitude da velhinha censura das ditaduras europeias do séc. XX (fascistas, socialistas, conservadoras)? Não!
Aznar não é fascista, mas teve, ao longo do seu governo, comportamentos autoritários (de que o final é só exemplo mais explícito). E se é verdade que o autoritarismo não é exclusivo do fascismo (nem o define, por si só), também é verdade que foi em regimes deste tipo, bem como em regimes comunistas, que o autoritarismo foi mais longe.
Chamar fascista a Aznar é exagerado, sim, mas é impossível, a quem detesta tiques autoritários por parte dos governantes, não sentir (e a palavra é mesmo "sentir") que o epíteto tem alguma pertinência.
12 de novembro de 2007
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6 comentários:
Com todo o respeito ponha-se no seu lugar e nao em bicos de pés porque lhe fica muito mal.
Caro h. ingelheim, não percebi o seu comentário. Calculando que se dirige a mim, qual é o meu lugar e porque é que acha que estou em bicos de pés? Sinceramente, não percebi.
Pior. Passou o tempo todo a fazer fretes à opus dei.
Já reparou que se escrevesse o mesmo post substituindo Aznar por Sócrates faria, esse sim, muito mais sentido? Mas claro, que a nuvem densa (muito densa..) que lhe assola o pensamento não o permite...Já agora, ”Tiques autoritários” é uma expressão muito interessante pois depende sempre de quem (ou como) nota esses “tiques..”, dai ao famoso “fassista” é um passo muito ténue...Assim vai o vazio da esquerda... Continuem!
gpn, salvem-se as devidas distâncias, a atitude de Aznar foi com efeito securitária e limitadora das liberdades fundamentais - mais ainda, foi um certeiro tiro no pé. Com defeitos que tem, Sócrates ainda não teve (felizmente, porque ninguém deseja lidar com terrorismo) sequer a oportunidade de se revelar ao nível de Aznar, por mais voluntarismo que venha revelando na sua relação com a opinião pública.
Dexem-se de "canhotisses" e "dextrismos". Comparar Aznar com qualquer Fascista é uma ofensa aos verdadeiros e assumidos Fascistas.
A comparação é ridicula e mesquinha, só podia vir de alguém com uma visão Sul Americana da politica interna, onde se empregam os termos esquerda e direita com significados totalmente diferentes daqueles que nós Ocidentais utilizamos, quase como chamar democracia ao regime Chinês.
Esta é daquelas armadilhas que qualquer pessoa um pouco mais esclarecida não devia sequer dar importancia, especialmente neste blogue que tem procurado, parece-me, marcar pela diferença de forma esclarecida.
Ana Rita, não querendo ser pretensioso, de um ser humano para outro, existem certos impulsos que devemos reconsiderar, ou ter muito cuidado com a linguagem que utilizamos ao exprimi-los, correndo o risco de se ser demagógico e pouco objectivo.
Depois de textos exelentes este está um pouco aquém das espectativas..das minhas..mas nada que me faça afastar deste blogge.
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