30 de janeiro de 2008

Mudança de ministro ou de política?

Ontem, após a exoneração de Correia de Campos, a oposição afadigou-se em declarações que davam a entender que Sócrates teria demitido o ministro da Saúde por pretender uma inversão nas políticas da área.
Desde Luís Filipe Menezes a afirmar que a remodelação significava que o governo reconhecia ter falhado na Saúde, até Manuel Alegre a considerar que "o primeiro-ministro compreendeu as consequências negativas desta política", passando por António Arnaud, que acha que o primeiro-ministro foi "sensível à revolta generalizada", quase todos julgaram que os acontecimentos de ontem se tratavam de uma inflexão na prática política e não apenas uma mudança de nomes.
Eu acho que vai acontecer o contrário: tudo vai ficar igual. Quer dizer, muda a cara, talvez mude o discurso, muda certamente o estilo, mas a política, essa, manter-se-á.
Em primeiro lugar, não nos esqueçamos, foi Correia de Campos quem se demitiu, não foi Sócrates que o mandou embora. O primeiro-ministro não estava descontente com o trabalho do seu ministro. Ministro que que seguia a política do governo: Correia de Campos não se pôs a fechar maternidades e urgências, ou a criar taxas de internamento, sem dar contas a Sócrates; todas estas medidas impopulares eram avalizadas (senão iniciadas...) pelo "chefe".
Assim sendo, a verdade é que Sócrates não deu, neste processo, nenhum sinal de querer mudar o rumo, de estar arrependido, de querer travar a avalanche de mudanças. A bem dizer, ele não deu sequer sinal de querer mudar o titular da pasta...
De facto, o primeiro-ministro já deu provas de que se está nas tintas para as polémicas surgidas em torno das políticas do governo. E também de que não muda ministros no auge das contestações (pelo contrário, nesse aspecto até tem demonstrado mais lealdade do que os seus antecessores...).
Se Sócrates se preocupasse com as contestações aos seus ministros, pelo menos Maria de Lurdes Rodrigues e Mário Lino (para não falar de Manuel Pinho e Alberto Costa) tinham acompanhado os ministros da Saúde e da Cultura nesta remodelação. Mas Sócrates não se preocupa com isso (talvez porque acredite que "medidas impopulares são populares", isto é, que este regime de "cinto apertado" e reformas constantes acaba por conquistar votos. E talvez não se engane!).
Correia de Campos preocupou-se por ele... e saiu.
A partir de amanhã, teremos o mesmo presente, embora com outro papel de embrulho. Poderão vir os históricos do PS dizer o que quiserem (e achar que têm alguma importância nas decisões do primeiro-ministro... pois sim... era bom!), que aquilo que temos tido é a política de Saúde do governo PS. Oficial. E continuará a ser certamente. Com um bocadinho de "sorte", Sócrates manda fechar já qualquer coisita para a semana para percebermos como é...

1 comentário:

Anónimo disse...

Ninguém se importaria com as mudanças efectuadas no serviço nacional de saúde, desde que nos garantissem e provassem por A+B que a reestruturação do mesmo visava o aproveitamento dos recursos e prestação de melhores serviços da saúde para o cidadão comum, porque os outros, os vip's esses estão sempre servidos. Vivem outra realidade, vivem numa galáxia à parte. A politica de saúde deste governo não é a politica de um homem, são politicas de um Governo de maioria absoluta do Partido Socialista ( PS ), liderado pelo senhor Engº José Sócrates, secretário geral do mesmo.