15 de abril de 2008

Diferenças

As imagens de um governo totalmente paritário - nove ministros e nove ministras -, de uma ministra da Defesa grávida a passar revista às tropas, de um membro de um governo com 31 anos, fez-me voltar a pensar no fosso civilizacional que efectivamente nos separa de Espanha.
Dois países católicos, que passaram metade do século passado sob regimes autoritários conservadores, que entraram na democracia com poucos anos de diferença... e, deste lado da fronteira, as imagens de ontem, não só nunca foram possíveis, como não se prevê que o sejam brevemente.

25 comentários:

Anónimo disse...

Nunca entendi por que é que as mulheres têm de imitar os homens.

Anónimo disse...

É, pegou a moda de as mulheres valorizarem os procedimentos dos homens e acreditarem que imitando-os tudo melhora. Há dias li num blog um escrito de uma mulher (bem conhecida) que as mulheres deveriam prestar serviço militar como os homnes, isto é, não só como enfermeiras e nas secretarias mas participando, de armas na mão, em acções violentas (cargas de infantaria, sobretudo enquanto grávidas..., corpo a corpo, etc.). Recordo-me dos meus tempos da guerra colonial em que os homens gostariam de ser tratados como mulheres.E se as coisas se invertessem e pegasse a moda de os homens quererem imitar as mulheres? Nalguns aspectos seria melhor... ou não?

Anónimo disse...

"Totalmente paritário". O que importa é o sexo, não a ideologia.
Viva a Thatcher, viva a Merkel, etc.
As distinções ideológicas estão a ser substituidas pelas distinções de sexo. Óbvio retrocesso.
Viva a guerra dos sexos (e abaixo a luta de classes)

Ana Rita Ferreira disse...

Caros anónimos, dizerem q o facto de as mulheres ocuparem cargos políticos significa estarem a imitar os homens é uma daquelas enormidades que nem merece resposta.

Outro anónimo, as diferenças ideológicas não desaparecem pelo facto de os dois sexos participarem na vida política. Pelo contrário, na minha opinão. Não percebo o que é que uma coisa poderia ter que ver com a outra...

Anónimo disse...

Cara Rita, a diferença entre Portugal e Espanha, começa com a forma como se procedeu a passagem para a democracia.

Portugal ainda sofre dessa transição e não se vê quando vai ficar consolidada.

E, não encaro o novo governo Espanhol como um "avanço civilizacional" as pessoas devem ocupar cargos pelas suas qualidades e nunca pelo o seu sexo, (atenção, não quero aqui dizer que as novas ministras não têm essas capacidades, apenas salientar que mais uma vez fazemos noticia de algo que deve ser natural). Aliás, é bem possivel que este governo não termine a sua legislatura o que vai por certo facilitar a leitura de muitos homenzinhos...

Ana Rita Ferreira disse...

O avanço civilizacional não está no novo governo em si, está no facto de um primeiro-ministro pensar em formar um governo (e formá-lo efectivamente) com as características que este tem.
E isso, quer queiramos, quer não, seria ainda impossível em Portugal, dado o peso do conservadorismo na nossa sociedade.
Caro anónimo, eu concordo com o que diz sobre a qualidade dos titulares dos cargos. Mas o que eu sei (até por experiência própria) é que, para se chegar longe numa carreira, ser homem (com qualidade ou não, acrescente-se...) é uma ajuda e tanto! Ou acha que há menos mulheres competentes para os diversos cargos do que homens? Claro que não. O que há é machismo, que ainda as afasta de lugares de topo...
Aquilo que agora aconteceu em Espanha é a tendência normal de qualquer sociedade, que é tentar contrariar milénios de preconceitos e deixar que 50% da população tenha as mesmas oportunidades que a outra metade, é deixar que seja exactamente a qualidade a servir como referência e não afastar quem tem qualidade apenas por ser mulher... É isso que constitui um avanço civilizacional, que aqui ainda não chegou...
Aquilo que Zapatero fez foi chamar gente de qualidade (basta ver o currículo das várias ministras...), sendo que metade são mulheres.
Em Portugal, o avanço civilizacional não chegou, porque, nas mesmas circunstâncias, nenhum primeiro-ministro conseguiria ter força (mesmo que o desejasse, o que duvido) para nomear metade do seu governo de qualidade com pessoas do sexo feminino.

Anónimo disse...

"Aquilo que Zapatero fez foi chamar gente de qualidade (basta ver o curriculum das várias ministras...)".
Não será uma afirmação gratuita? Há fortes indícios nesse sentido. Onde estão os tais currícula?
E que coincidência: a gente de qualidade coincidiu com o politicamente correcto. Só por milagre.

Ana Rita Ferreira disse...

Aqui está, por exemplo, o currículo da já célebre ministra da Defesa, a tal que está grávida:

"Carme Chacón Piqueras (Esplugas de Llobregat, España, 13 de marzo de 1971) es una política socialista española, actualmente Ministra de Defensa.

Chacón es militante del PSC y miembro de la ejecutiva del PSOE. Elegida diputada en las legislaturas VII, VIII y IX (esta última siendo la cabeza de lista por Barcelona), ocupó la vicepresidencia del Congreso de los Diputados (cámara baja del Parlamento español) al iniciarse ésta última, hasta que en 2007 fue nombrada Ministra de Vivienda del gobierno del PSOE presidido por José Luis Rodríguez Zapatero.

Es licenciada en Derecho por la Universidad de Barcelona. Realizó estudios de postgrado en el Osgoode Hall Law School (Toronto, Canadá), la Universidad de Kingston y la Université Laval de Montreal. Fue profesora de Derecho Constitucional en la Universidad de Gerona. Es Secretaria de Educación, Cultura e Investigación de la Comisión Ejecutiva Federal del PSOE.

En el año 1998 realizó, junto con Agustín Díaz Robledo, un dictamen sobre el referéndum de independencia de Quebec."

Dizer que é apenas nomeada para dar ares de "politicamente correcto", além de injusto, não corresponde à verdade.
Já vi muito homem chegar a ministro sem metade do currículo desta senhora...

Ana Rita Ferreira disse...

No fundo, aquilo que eu acho é que o grande obstáculo à paridade não é a falta de qualidade das mulheres (acho que hoje em dia, com as escolas secundárias e as universidades cheias de mulheres já ninguém acredita nisso, pois não). O grande obstáculo à paridade são factores culturais. Em Espanha, esses factores perderam terreno, permitindo um governo como o actual. Aqui, também perderam, é certo, mas não na mesma proporção.

Anónimo disse...

Concordo em grande parte. Mas não responde a algumas questões do segundo anónimo. Pensando bem, são difícies de responder.

Ana Rita Ferreira disse...

Quais?

Anónimo disse...

Ana Rita, não entendo o que quer dizer com paridade e como relaciona com os factores culturais, e quando considera um avanço civilizacional, estará implicito o reconhecimento que homens e mulheres são iguias, na sua forma de trabalhar, avaliar e resolver problemas?
São curiosidades?

Ana Rita Ferreira disse...

pedro,
por paridade entendo uma representação equitativa, idêntica, uma distribuição equilibrada dos lugares políticos pelos dois sexos. Não acho que tenha de ser obrigatoriamente igual, mas aproxima-se da igualdade.
Esta representação paritária seria a coisa mais natural do mundo (dado que cada um dos sexos representa metade da população), não fossem factores culturais. Por factores culturais entenda-se machismo, entenda-se o lugar para o qual as mulheres foram relegadas durante séculos e de onde ainda não saíram completamente.

Quanto à igualdade na forma de trabalhar ou resolver problemas, acho que há pessoas parecidas com outras e pessoas super diferentes. Pessoas, não homens por serem homens, ou mulheres por serem mulheres. Não acho que a questão do sexo seja determinante na forma como se resolvem problemas. Mas seja ou não, não é por essa razão que entendo que a paridade é um avanço civilizacional. É, como já disse, porque é uma questão de justiça básica metade da população intervir na decisão sobre os destinos que vão dizer respeito a todos.

Anónimo disse...

"não fossem factores culturais."
E hormonais, não?
Por que é que quando um casal viaja de motociclo, o rapaz conduz em 99,9% dos casos. Não deveria haver paridade? Claro que deveria.

Ana Rita Ferreira disse...

Por acaso, concordo. Devia. Factores hormonais não impelem nem repelem ninguém para a política, ao que consta...

Anónimo disse...

Não tenho a certeza. Pelo menos para fazer leaders, os factores hormonais são fundamentais.
Veja-se o comportamento, entre vários mamíferos, dos machos castrados. Pensemos nas touradas.

Ana Rita Ferreira disse...

Parece-me que, falando de seres racionais, até a liderança se aprende.
De qualquer forma, e por outro lado, esses mesmos seres racionais valorizam coisas nos seus líderes que estão muito para lá das questões hormonais: carisma, capacidade para tomar decisões, inteligência, cultura...
Tudo isto depende muito mais do intelecto e da educação do que de determinações biológicas. E (por isso mesmo) tudo isto são aspectos que obviamente não valorizados ao nível dos outros seres vivos.

Anónimo disse...

Rita, esta é uma matéria sobre a qual ainda não tenho uma opinião totalmente formada.
Se por um lado dou por mim a ler estudos que demonstram um certo padrão comportamental destinto entre homens e mulheres, conseguindo determinar padrões que se consideram mais habituais ou próprios de pessoas do mesmo género. Por outro lado penso muitas vezes nessa singularidade de cada ser humano, e penso até que ponto estes estudos transmitem a realidade.

As questões hormonais ou biológicas têm um papel muito importante no comportamento humano. Esta parece-me uma conclusão em que poucos discordam e que vai um poouco no sentido de provar as diversas destinções entre géneros.

É claro que nada disto rebate o teu argumento de que "é uma questão de justiça básica metade da população intervir na decisão sobre os destinos que vão dizer respeito a todos." mas este argumento parece-me um pouco falacioso, pensar que as mulheres que estão no governo representam melhor as suas pares do que os homens...Talvez não, não sei...

Continuo a pensar que o mérito está na capacidade inata de cada um, e sei que, ao apoiar esta forma de estar, o factor biológico pode determinar que existem mais homens capazes de dirigir um país do que mulheres. Se assim fôr, parece-me populismo todas estas medidas...mas dou sempe o beneficio da dúvida.

Ana Rita Ferreira disse...

Pedro, não são o factores biológico que fazem com que haja ou não não mulheres a desempenharem cargos políticos. Não encontro um único factor biológico que faça com que uma mulher seja menos apta para a prática política do que um homem.
A verdade é que, se houvesse igualdade de oportunidades em termos de ascensão nas carreiras (políticas e não só), se houvesse equidade na partilha de certas tarefas que ainda hoje sobram quase na sua totalidade para as mulheres, se não houvesse preconceitos relativamente à participação feminina (como já se viu aqui mesmo, em alguns comentários deixados), o número de mulheres em cargos políticos seria muitíssimo superior. Não duvide. E todos estes factores são culturais. Daí serem mutáveis. Daí estarem a mudar gradualmente. Mas, na minha opinião, muito mais lentamente do que seria desejável.

Quanto ao facto de cada um dos sexos representar melhor a respectiva população... eu não acho que uma mulher me represente politicamente melhor por ser mulher. Mas representa-me socialmente.
Do mesmo modo que, num país com grandes comunidades brancas e negras, ninguém achará normal que os representantes políticos sejam apenas brancos! Agora, isso não significa que um eleito branco não represente melhor os valores políticos de um qualquer cidadão negro do que o fará qualquer eleito negro. A questão é que, independentemente de quem mais nos permite a identificação, é normal e justo que a sociedade esteja representada na sua diversidade. E a nossa ainda não está.

Anónimo disse...

Mas, ainda ninguém disse à Dª Ana para ir arear as panelas !!!!
Esta senhora ( ? ) é uma machista de sinal contrário e por isso uma ressabiada !!

Ana Rita Ferreira disse...

Caro anónimo, mais uma vez acho estranho que, nada sabendo da minha vida (felizmente!, acrescento eu), se sinta à vontade para fazer comentários que nem eu própria compreendo.
Eu já percebi que insultar-me em termos pessoais é o ponto alto dos seus dias. Também já percebi que não consegue manter o debate comigo numa troca normal de argumentos (por acaso, uma mulher com idade para ser sua filha, certo? É engraçado!). Mas tente pelo menos não ser tão ridículo...
O anónimo trouxe a este blog o lado cómico que nos faltava (confesso que não tenho a mínima queda para palhaço), mas às vezes torna-se confrangedor lê-lo. Não precisa de se humilhar tanto, caro anónimo. A sério.

Anónimo disse...

Com essa conversa toda, já vi que as panelas contínuam sujas....

Debates..... consigo???........Baaaaaahhhh !!

Já conheço muita gentinha !!!!

Ana Rita Ferreira disse...

Caro anónimo, já tinha perguntado a mim própria se estes seus insultos seriam sintoma de medo das mulheres ou apenas de complexo de inferioridade... Mas, como é óbvio, só um cobarde escreve determinado tipo de coisas sem as assinar.

Caro anónimo, este assunto está encerrado. Este blog existe para trocar ideias sobre política. Eu sei que o anónimo tem dificuldade em fazê-lo, mas isso é perfeitamente irrelevante. Ponto final.

Anónimo disse...

ÓH pá !!!!!!!
Tenho cá em casa uma igualzinha !!!

Deve ter a mesma idade.......

Haja pachorra !!!
Devia ter dado uns valentes tabefes aos 15 anos !!!

Anónimo disse...

Olá Rita. Achei bastate interessante o texto que escreveste e achei ainda mais interessante os comentários que algumas pessoas fizeram em relação a ele. As respostas que obtiveste são um quadro do que falavas. Não consigo perceber como alguns Homo Sapiens Sapiens se conseguem comportar como verdadeiros Neandertais, ainda por cima Neandertais com muito pouca educação. Quanto á pessoa que nos informou "que tem lá uma" como tu em casa, quero dizer-lhe que me parece uma pessoa com muita sorte na vida, nem todos têm essa sorte, ah, e os tabefes, acho que com o cinto dói mais. Parabéns pela paciência que demonstras e continuem com o bom trabalho.

Filipe Vitor